Por Vany Laubé
Pouco mais de 10 dias do início de mais uma edição do
Congresso Mega Brasil de Comunicação, tive como meta entrevistar o jornalista e
empresário Antonio Augusto Amaral de Carvalho. O Sr. Tuta, como é conhecido
pelos corredores e andares da Jovem Pan, que ele comanda há quase 40 anos, após
adquirir as ações da empresa montada por seu pai, Paulo Machado de Carvalho,
será o homenageado deste ano para receber o Prêmio Personalidade daComunicação.
O evento está marcado para acontecer depois das atividades do
primeiro dia do #congresso4em1, e é especialmente importante porque o
presidente da Rádio Jovem Pan é o primeiro radialista a receber o prêmio, já
concedido a 14 outros importantes nomes ligados à Comunicação, entre
jornalistas, pesquisadores e relações públicas.
Com a tranquilidade de quem tem conhecimento de causa, ele
falou durante quase uma hora sobre algumas pedras em seu sapato, como a Voz do
Brasil, o monopólio das transmissões de futebol da televisão brasileira, que
compromete a qualidade e criatividade do produto e de como as rádios, já sem
muito a ganhar pela falta de anunciantes, perdem com o fenômeno das rádios
online.
O Prêmio Personalidade da Comunicação já foi entregue José
Hamilton Ribeiro (1999), Vera Giagrande (2000), Miguel Jorge (2001), Alberto
Dines e Paulo Nassar (2002), Mino Carta e Gaudêncio Torquato (2003), Ruy
Mesquita (2004), Roberto Civita (2005), Octavio Frias de Oliveira (2006),
Johnny Saad (2007), Audálio Dantas e Maurício Azêdo (2008), Nelson Sirotsky
(2009), J. Háwilla (2010) e José Marques de Melo (2011). Este ano, a solenidade
acontecerá a partir das 19h30 do dia 29 de maio, no auditório do Centro de
Convenções Rebouças. Na lista de convidados, o Governador Geraldo Alkmin, o
prefeito Gilberto Kassab, entre outras autoridades, além dos congressistas e
convidados especiais.
Ranço da ditadura
“A Voz do Brasil atrapalha o rádio. Ela foi criada na era de
Vargas, que via naquele modelo uma forma de propaganda, a exemplo do que Hitler
fez para vender seu peixe. Naquela época poderia até ser válido, mas 50 anos
depois é ranço da ditadura. Ela me irrita porque é muito mal feita, sem
capricho. Além disso, é feita em Brasília e a cidade não representa o País
todo. Isso deve ser considerado.”
O rádio
“Se os carros-chefe de uma rádio são o jornalismo e o
esporte? Fico com o jornalismo. Sou brasileiro, jornalista sindicalizado e um
dos primeiros a ter registro no Brasil, de número 816. Não tem como minha rádio
ter um viés que não seja jornalístico.”
“A rádio é meu pão de cada dia e o de mais de 400
funcionários, e, portanto, famílias pelas quais somos responsáveis.”
“A lei trabalhista é errada; seus parâmetros são os piores
empregados. Quem tem talento acaba prejudicado. Se eu pago bem a um funcionário
brilhante, o medíocre vai lá e pede equiparação salarial. É um erro em vários
aspectos.”
“O fato de as concessões serem políticas, as rádios não caem
em mãos competentes. Os anunciantes são os mesmos, imagina isso no interior.
Por isso é difícil sobreviver de rádio. Toda estação precisa de verba e os
anunciantes não pagam.”
Rádio online
“Sou contra. Cada um faz sua lista de músicas, não cria
programa. Para se ter programa é preciso de anunciante e anunciante quer
audiência. Não é bacana porque tira público da rádio e quem acaba ganhando são
as emissoras mais fortes.”
“Hoje somos 134 mil estações replicando o conteúdo da Jovem
Pan, mas não tem como pedir 1 mil reais por mês para isso, porque em várias
praças, anúncio custa dois reais. A gente tem que dar a transmissão de graça. O
governo deveria atuar para evitar a morte da rádio.”
Copa do Mundo e Olimpíadas
Acho muito difícil que o Brasil consiga fazer uma Copa
bonita. Não adianta haver talentos sem integração. Nossos jogadores vêm de
fora, não treinam por três meses seguidos, muitas vezes vão jogar juntos pela
primeira vez às vésperas da Copa.
Estádio em Manaus é de morrer de rir, é completamente absurdo. É um
espetáculo para 5 mil pessoas e sempre serão as mesmas. Quem quer fazer novos
estádios ao invés de trabalhar nos que já existem é gente querendo pôr a mão no
dinheiro. E o trem bala, e os aeroportos?”
“Olimpíada, então, piorou. O Brasil não tem tradição de
Olimpíada Até hoje somos os maiores em futebol do Mundo, mas nunca levamos uma
Olimpíada. Brasileiro que quer ser atleta se muda para os Estados Unidos.”